Bem vindo ao meu tratado sobre a inexistência de Deus em nome do racionalismo. É em um sentido epistemológico pragmático que esse texto lida com a hipótese de que Deus muito provavelmente não existe. Mas eu não estou aqui para fazer apologia ao ateísmo ou dizer que não acredito em Deus. O que eu quero, realmente, é passar a navalha em uma questão extremamente acirradora de ânimos. Eu considero que, a hipótese da inexistência de Deus é infinitamente mais provável que a oposta. Quero dizer, é muito mais fácil provar a inexistência de uma entidade onipotente, onisciente e onibenevolente, do que a existência. Mesmo assim, se Deus existe, então pelo menos o nome Dele deveria ser Deus-Não-Existe, afinal já está mais do que provado que a maior impressão que Ele deixa em vida é a da indiferença. Isso ficará claro ao longo do texto quando eu provar que Deus, caso exista, não entrega nem o essencial para que a vida humana possa transcorrer em paz.
Por causa do poder aparente que a tecnologia proporcionou ao homem, ele atingiu o auge da sua presunção e se tornou fraudulento nas suas concepções e conotações de mundo. Ele discute teologismos como se tivesse poder de escolha sobre o que acreditar. Ele agora se enxerga como o "arbitrador final" quando se trata de questões dessa magnitude, exceto que ele não parece ter terminado de tirar o lixo de seu próprio quintal. Acontece que a maioria das pessoas não é capaz de aceitar a realidade como ela é, de lidar com uma exposição sincera dos fatos de que a vida humana é caracterizada pelo sofrimento repetido, dia após dia, sem sinais de término. Ao ser incapaz de aceitar a realidade dos fatos, o ser humano sai em uma busca desesperada por Shangri-La: o paraíso dos tolos, uma realidade superior que ele julga ser reservada para ele.
Porque o sofrimento existe? Isso é o que ser humano mais se pergunta em face da incompreensível praxeologia do poder infinito de Deus. Como será o modus operandi de Deus? Ele é louco? Por que Ele permite e possibilita o sofrimento de Suas criaturas? Será que Ele mesmo causa o sofrimento em um acesso de sadismo? Mais ainda, por que Ele haveria de agradar com uma mão enquanto agride com a outra? Pois é. As pessoas acreditam que Deus seja de uma benevolência infinita, mas então porque as emanações divinas não moldam os acontecimentos de suas vidas, que não raramente são carregadas de infortúnios? Por que será que Deus não impede uma tragédia de acontecer mesmo antes que aconteça? Por que Deus não corta o Mal pela raiz? Vamos tentar enxergar melhor o porquê do poder de Deus falhar quase que diariamente pela perspectiva de uma vida humana ordinária, isto é, que esteja jogada aos ventos do destino.
Eu sempre acreditei que Deus existia ou passaria a existir em minha vida caso eu me esforçasse bastante em acreditá-lo, mas aos poucos minha crença se converteu em decepção; afinal, as supostas ações de Deus na minha vida me pareciam incoerentes, para não dizer paradoxais. Então me tornou aparente que uma crença cega em Deus não era algo útil para o dia-a-dia, que a salvação não existe, e que apenas o controle e o poder importam em um mundo onde prevalece a lei do mais forte. É possível argumentar que o ser humano não tenha controle nenhum sobre sua vida. As pessoas comuns vivem dentro de uma zona de domínio ínfima e dependem de sonhos e ilusões infantis para se levantarem da cama. Tudo o que Deus dá, ele também parece ceifar. O amor não dura, e a sorte não prevalece.
Sem a presença da razão e da sabedoria, a crença por si só é inútil, e inclusive pode chegar a ser perigosa e irracional. Ao acreditarem cegamente em Deus as pessoas tem que logicamente assumir que Ele está do lado delas, ou que está presente apenas no universo pessoal delas, e portanto a crença religiosa no ser humano geralmente está acompanhada por um senso de santidade e auto-importância. Isso nem sempre é algo ruim, pois a fé permite que as pessoas concentrem sua força. Porém, quando a fé se converte em fanatismo e a crença religiosa atinge grau de epidemia, ela se torna intolerância e não deixa espaço para a existência de descrentes e infiéis. A crença desamparada e solitária no indivíduo também pode se tornar um complexo de superioridade tão grande que converte-se em complexo de Deus, do tipo que não deixa espaço para tolerar nem a existência do próximo. Talvez a teoria do gene egoísta de Richard Dawkins seja realmente uma predisposição do ser humano em assumir superioridade com base na crença de que há uma presença divina guiando seu destino cujo desfecho positivo já está garantido.
É lógico que uma visão unicista de Deus, isto é, como um ser uno com diferentes manifestações, traz enorme confusão mental, assim como a visão de um deus bigêmeo, ou como uma entidade triúnica, ou como uma revelação trinitária (i.e., de três pessoas distintas). Também temos a visão unitarianista que acredita que Deus tenha forma única como pessoa individual ao invés de modos diferentes pelos quais se manifesta. Também temos a velha discussão de monoteísmo vs. politeísmo. De qualquer forma, nenhuma dessas análises é particularmente útil. As múltiplas faces de Deus sempre parecem estar em conflito umas com as outras na concepção humana, principalmente quando falamos da dicotomia entre o bem e o mal -- a face boa e a má de Deus -- em face das construções morais religiosas.
Independente da visão que as pessoas detêm acerca de Deus e das formas que prescrevem para Ele, todas contemplam um deus, seja ele incorpóreo e abstrato ou corpóreo e concreto, mesmo os niilistas que enxergam Deus no vazio da existência ou os ateístas que enxergam Deus na explicabilidade científica da natureza de um universo físico pré-existente. É sabido que ateísmo é uma denominação tendenciosa. Quer dizer, até mesmo os ateístas contemplam um deus, mesmo que estejam inconscientes disso. Talvez o deus do ateísta seja o próprio cérebro humano capaz de captar dados e decifrar teorias que lhe permitiram fazer coisas quase divinas como dividir o átomo, ou então deve ser o cérebro da intelligentsia acadêmica cuspindo dados científicos para as massas. De qualquer forma, enquanto o agnóstico é como um ateísta conservador, que se sente confortável na espera por uma resposta, o ateu é o niilista que ainda não saiu do armário, detentor de uma fé residual na ciência materialista determinista como fonte de conclusões meia-boca. O ateísmo é a culminância do intelectualismo como uma religião "que não é religião", e cujo objeto de culto ainda permanece indefinido, mas não obstante está lá. Na verdade, ateísmo, niilismo e cientificismo estão todos entrelaçados e são reflexos de um sentimento mais profundo como demonstrarei a seguir.
Mas é lógico: Deus tem que ser apenas Um -- em algum nível. Se Deus é uma consciência monádica, então Ele deve estar em uma dimensão inacessível / incompreensível ao intelecto humano. Se não é possível para o ser humano detectar nenhum traço da presença ativa ( e positiva ) de Deus no cotidiano de sua vida, então para todos os fins práticos e objetivos é mais fácil assumir que Deus não existe, senão o ser humano estará a se enganar e se arriscar demais. A fisicalidade de um mundo captado pelos 5 sentidos deve ser considerada como a realidade última (objetiva) e absoluta do ser humano. Não importa quantos planos de realidade existam caso não seja possível comprovar suas existências. A metafísica seria portanto o estudo daquilo que "não existe". Se o ser humano for esperto, ele irá acreditar apenas no poder da sua própria percepção para sobreviver em um universo inseguro. Essa é a melhor estratégia até que ele encontre uma prova da existência de Deus. Até lá, a única coisa que poderá salvá-lo é o conhecimento, de preferência livre da masturbação mental do intelectualismo.
É por isso que temos que estender nosso conhecimento acerca de Deus, e isso me propiciou a literalmente cunhar um novo termo para os livros de História: unarianismo, que sozinho designa tanto uma ideologia como uma religião teosófica. Ele afirma a unidade absoluta da própria pessoa como deus solitário de seu próprio universo pessoal intransferível e inacessível a qualquer outro ser inteligente. O unarianista é basicamente o Eu repetido ad infinitum, que diz: "Eu sou eu, e não quero ser o Outro. Não preciso do Outro." Essa é a visão absolutista do Eu, auto-contido e totalmente fechado em si mesmo. Contém traços de niilismo, solipsismo e negacionismo, pois nega a existência de qualquer inteligência maior que a sua própria, ou de qualquer ideia que o coloque contra a parede. Todos os seres dentro do mundo do unarianista já são compreendidos e servem como meros brinquedos, ou são exatamente iguais a ele, ou são extensões do ser dele. O unarianista é a auto-afirmação desesperada e sem limites, é o ego que não se entrega e não se deixa dissolver, e também é um processo de perda (corrupção) da alma.
O unarianismo é o ápice do egoísmo mascarado; ele resume o que há de mais profundo, subterrâneo e irracional na noção do Eu, pois é o Ego fora de controle. Ele é o ponto mais fundo que a inconsciência do ser humano pode atingir na sua incapacidade de valorizar / reconhecer a necessidade da existência do Outro. Ele demonstra isso com alienação, indiferença e técnicas evasivas. Ele só valida a existência do Outro na medida que isso agrega valor à sua própria. A palavra loucura que carece de uma definição técnica na psicologia, agora já a tem, pois entre unarianistas e onistas apenas um dos lados pode ser o louco. Visto que o unarianismo é uma afluência de ideologias políticas e ruminações pseudo-filosóficas que resumem-se ao cenário absurdo de um sistema unário (e.g., um sistema "que não é sistema", uma contradição, um vexame, uma loucura), então quem é unarianista só pode ser louco, porque ele contemplou um abismo a princípio sem fundo, mas que o onista sabe que no fundo é ele mesmo. A perspectiva do unarianista é como a famosa frase "Só pode haver um!" do filme 'Highlander (1986)', de forma que dois unarianistas em uma sala não devem ser considerados como meros amigos se dando bem, e sim como dois corpos operados por uma só entidade, que eu chamarei de deus unário.
Temos então o termo que faltava para colocar um ponto final em todas as discussões filosóficas referentes à modernidade e pós-modernidade, pois ele resume toda a problemática da epistemologia passando pela antropologia e chegando na sociologia, como uma oposição de duas doutrinas universalistas: unarianismo vs. onismo: a crença em Deus como um Eu infinito e eterno vs. a crença em Deus como o Todo infinito e eterno. Esse novo termo revela o dualismo moral entre quaisquer dois seres que pensam diferente e a dicotomia fundamental que está presente em todos os conflitos ideológicos, religiosos, culturais e políticos existentes, principalmente com relação ao conflito entre os sexos, pois basicamente só existem duas crenças ou religiões universalistas dividindo as pessoas na Terra -- e os sexos também. Sim, já é possível dividir a população mundial em dois. Como muitos diriam, descobrir qual dos dois lados é o certo, é algo que tem sido "relativo" ao longo da história da civilização e também motivo de diversas guerras, apesar de que na prática eu imagino que o primeiro grupo que denunciar o outro automaticamente se torna o certo. Visto que eu estou denunciando pela primeira vez na história a existência de unarianistas na Terra como pessoas com uma doença espiritual que estão a ferrar com a vida dos onistas, então eu me tornaria o certo, pois sou onista. Se isso é uma corrida, então os onistas já ganharam.
Com este novo termo, todos têm que assumir um lado ou outro, pois não existe terceira opção. Na sociedade de consumo em massa, todos os cidadãos comuns são produtos e possuem um valor exato (i.e., preço) em dinheiro relativo ao seu capital de saúde ( mais no caso do homem ) ou capital sexual ( mais no caso da mulher ). Se a pessoa insiste em não se assumir como unarianista ou onista, e não revela seu preço para que sua integridade moral e/ou física possa ser burlada e explorada, então por definição ela é unarianista pois está a validar o sistema social vigente, que também é unarianista. Portanto ela não passa de uma vendida, hipócrita e imoral. Dito isso, todos os cidadãos são prostitutos morais e carnais pelo sistema criado pela elite, porque as pessoas literalmente doam energia vital para o mesmo, sendo que energia vital é energia sexual aproveitável (i.e., amor transbordante). Lógico que uma população de pessoas jovens, fortes e saudáveis, e dotadas de mentes conscientes poderiam causar uma revolução pacífica que simplesmente excluiria a presença de uma elite controlando suas vidas. O ser humano deve parar de acreditar em deuses e sonhos de poder, e começar a acreditar na sua própria força e na realidade imediata de sua própria necessidade, que não raramente implica o sexo praticado com amor. Na verdade, para que a sociedade sofra uma total reformulação de valores e o sistema político democrático perca o seu significado e poder, basta que metade da população se transforme em garotos e garotas de programa. Pois se todos ficassem sabendo do valor sexual de todo mundo, não existiria espaço para enganações e manipulações de mercado ( principalmente no caso de inflação do valor sexual de um dos sexos ) para explorar aqueles que transbordam amor. Essa é a simples sexonomia do sistema social em uma casca de noz.
A crença unária está a aglutinar as crenças da maior parte da população global em diferentes graus de insanidade. É a presunção sem limite das pessoas de se tornarem o deus solitário do espaço infinito de seus próprios mundos, e de obterem unidade absoluta cada uma em si mesma e com mais ninguém, por mais absurdo que isso pareça. Eu estipulo que mais da metade da população seja unarianista. Do outro lado está o onista: Para ele não existe batalha de opiniões a ser travada, porque ele acredita em tudo e assim é capaz de enxergar que todo mundo está certo dentro de seu próprio "quadrado". Ele atingiu uma visão da totalidade através de uma síntese de todo o conhecimento humano. A religião dele é o oniteísmo, e o seu conhecimento é universal, logosófico, interdisciplinar, monádico, holístico e todo-inclusivo, pois interpenetra todas as áreas do conhecimento, aproveitando tudo o que há de melhor e expondo os absurdos e os buracos da lógica unarianista. O onista presa apenas por manter a integridade do Todo como um modelo holístico e coerente. Note que ser unarianista não significa necessariamente ser mau, burro ou psicopata, mas ele também não é flor que se cheire se não deseja ser curado do seu unifocalismo. Enquanto o onista é transfocal, porque sua visão atravessa todos os pólos sem nunca ficar parado por muito tempo em um só, o unarianista tem foco único em alguma coisa que ele faz questão de manter em segredo. Por isso só resta assumir que o pólo do unarianista seja o da sua própria pessoa; isto é, ele é amante de si mesmo.
O unarianista fará de tudo para despistar o onista quando ele for o alvo. Quando confrontado, para ele só existe a visão dele e nada mais, que por definição é a mais atômica possível, pois ele está sempre em uma luta para achar uma porta de saída com relação ao posicionamento dele, para assim afirmar a própria existência como sendo autônoma e absoluta, mesmo que isso o leve a utilizar estratégias evasivas como: raciocínio circular, mudança de assunto, ataque ao mensageiro, falácia relativista, miopicismo e monocularidade. Por mais que ele proteste, ele só é capaz de validar a própria existência e a própria visão, e aquele que jogar isso na cara dele será excluído de seu mundo. Ele é movido pelo temor e não pela curiosidade. Para preservar sua identidade e/ou senso de superioridade, ele irá cavar uma rota de fuga mesmo que tenha que inventar uma terceira opção onde só existam duas, o que inclusive toca na questão da assexualidade como um terceiro pólo "atrator" para a questão da ambiguidade presente na identidade de gênero das pessoas.
O unarianista veste máscaras para interagir com seus brinquedos (i.e., outros seres) no seu universo pessoal, e por isso não gosta de se abrir muito para ninguém. Forçá-lo a se revelar é uma afronta a sua noção de livre-arbítrio. Ser livre para ele é permanecer em disfarce quanto a sua concepção unária de mundo. O unarianista inclusive sorri para a noção de assexualidade, pois considera libertador não precisar se identificar como tendo uma preferência sexual ou outra. Dizem que o assexual não sente atração por homem nem por mulher, mas então ele deve sentir atração por si mesmo em algum lugar de sua mente. Portanto o assexual só pode ser o autossexual que ainda não abriu a casaca, tal como na relação entre ateísmo e niilismo. Veja que o que realmente coloca todas essas ideologias ambíguas no mesmo balde é que elas são engordamentos de ego que projetam o poder de escolha de alguém a níveis estupidamente fora de proporção com a realidade. Uma coisa é a pessoa achar que a escolha de identidade de gênero é uma construção cultural, outra coisa é achar que é possível ter controle sobre a própria sexualidade. A sexualidade unária basicamente afirma, "eu posso fazer sexo com qualquer tipo de corpo físico, mas apenas quem eu quiser"; ou seja, o unarianista acredita estar no controle absoluto da própria força de vontade e das circunstâncias de sua vida. Isso demonstra um complexo de Deus na pessoa que acha que é forte e autossuficiente para não depender de ninguém e se separar / dissociar de todos como um pólo auto-existente e portanto autossexual. O unarianista diz não temer a possibilidade de ficar sozinho ou de se sentir solitário.
A situação que vivemos atualmente no mundo é precária. Ninguém mais parece ser adepto do pacifismo e do humanismo. O mundo civilizado foi tomado por uma onda de fatalismo, pessimismo e egoísmo justamente por causa do unarianismo. O fim da sociedade industrial-tecnológica-capitalista se aproxima, pois em um mundo onde todos querem ser o número um, todos acabam como zeros. Vivemos na era do sabichosismo, do gigantismo moral, do falso altruísmo e falso messianismo. A maioria das pessoas se sentem donas da verdade ou então simplesmente já desistiram de ponderar acerca de temas filosóficos e existenciais. A verdade para elas se tornou algo banal e passível de ser comprada com dinheiro, ou então algo extremamente perigoso. Não existem mais pessoas com a mente aberta: ou elas acham que já sabem tudo ou acham que não sabem nada. Estamos em uma época em que nunca existiram tantas pessoas andando pela Terra querendo ser deuses e outras se sentindo inferiorizadas e incapacitadas. O coletivismo está a esmagar o indivíduo, pois existe uma batalha de egos e conflito de interesses no ar. E tudo isso porque as pessoas estão cada vez mais fechadas e perdidas em si mesmas, em uma busca por afirmar sua própria individualidade ( ou o que resta dela ).
O unarianismo diz respeito a diferentes graus de sentimento egoísta nas pessoas, podendo chegar ao ódio mais profundo. Os unarianistas costumam ser agentes do caos disfarçados. Existem os que querem estar em um mundo populado por cópias deles mesmos, de corpos humanos que pensam e agem igual e de preferência parecem-se igual, e os que gostariam que todos sumissem deixando eles como únicos sobreviventes. O primeiro cenário embute a noção de anarquismo, que é uma estrada revestida de desespero em direção a uma FRUSTRAÇÃO predeterminada, já que um "paraíso dos gangsters" é algo impossível. Mesmo assim, as pessoas vivem tentando formar círculos sociais fechados, formados por suas próprias zonas de amigos, colegas e relativos, como se nada mais existisse, e frequentemente entram em guerra com outros círculos. Isso dá origem ao elitismo na sociedade. O segundo cenário junta niilismo e solipsismo como uma estrada revestida de desespero em direção a uma SOLIDÃO predeterminada. Dessa forma, a pessoa anseia por obter a paz de finalmente poder se sentir como rei ou rainha de seu próprio universo. Tamanha é a confluência de ânimos das pessoas perturbadas e confusas com a modernidade que elas chegam a secretamente desejar a possibilidade de catástrofe mundial e extinção em massa para que se tornem o último homem ou mulher na Terra, ou então terão a enorme tarefa de moldar o mundo à sua própria imagem para se sentirem melhor. Pode-se dizer então que o caso mais agudo de unarianismo é o do niilismo levado até as últimas consequências, quando abre-se passagem para o psicopata e genocida interior da pessoa. Ou seja, unarianistas carregam dentro de si uma semente do caos, à espera por uma chance de germinar ( em caso de quebra do contrato social ).
Mas o que traz todas as pessoas independente de crenças a um chão comum? Basicamente, aquilo que todos buscam na vida é o corpo de Deus: o famoso Monolito. Onde está o Monolito? Onde será que está o corpo de Deus neste universo? Quando será que ele finalmente irá se manifestar para a raça humana? E quando digo corpo, digo um com manifestação física a parte do corpo de quem busca, e não um corpo abstrato como metáfora para sua força interior. Lógico, as pessoas querem uma prova concreta da existência de Deus, e passam a vida construindo e cultuando corpos substitutos para Ele refletidos em ídolos, monumentos, messias, e tudo o mais que for representativo de qualidade divina. Mas ninguém até hoje parece ter encontrado um corpo de prova para Deus que seja aceito por todos.
Todos os problemas do mundo resumem-se a um desses dois fatores: sexo e dinheiro. O dinheiro compra o sexo, e o sexo dá motivação ao homem para correr atrás de mais dinheiro. É um ciclo fechado e interminável que atua como a força motriz que manda no mundo. A mulher também não escapa disso. Enquanto o homem usa o dinheiro como um MEIO para atingir o FIM (sexo), a mulher usa o sexo como um MEIO para atingir o FIM (dinheiro). Claro que a mulher não busca especificamente o dinheiro, e sim status social ( que custa muito dinheiro ), e dependendo da quantidade de energia Yin e Yang presente nos corpos de ambos os sexos, os papéis podem se inverter, como por exemplo mulheres independentes fatigadas ( por competirem de igual para igual com homens no ambiente de trabalho ) que buscam sexo para aliviar a tensão. Mesmo assim, é claro que o sexo não custa nada para as mulheres. No geral, a vida da mulher moderna é caracterizada por um fundo de comércio implícito de seus corpos para o maior apostador, pois o dinheiro se torna muito mais interessante para ela quando se trata de conseguir suporte e proteção na convivência com os homens. Se as mulheres buscam dinheiro / status, elas o fazem porque aspiram conquistar o mundo material a sua volta, e também para atraírem um bom marido para constituição familiar. Os homens, entretanto, buscam o sexo pelo princípio do prazer e pelo amor latente ( e atualmente não-correspondido ) dele pela mulher. Enquanto os homens fazem sexo com mulheres e por amor, as mulheres fazem sexo com o mundo e por status.
As pessoas vivem em uma cultura de morte. A vida é como um ritual de morte para as pessoas, e por isso elas passam a vida trabalhando e se preparando para terem uma "boa" morte. Por outro lado, sexo é vida e também é cura, mas está longe de ser de graça considerando que a sociedade moderna é altamente meritocrática e todos os seus membros são cultuadores de status. Relacionamentos são jogos de interesse, porque as pessoas buscam cultivar o status delas às custas de outras. Isso se chama alpinismo social, e as mulheres se especializaram nisso. A burocracia que existe em se relacionar ( e ir para a cama ) com o sexo oposto é precisamente o que constitui a sociedade: se não houvesse burocracia, não haveria sociedade e muito menos um sistema social opressor. A ideia de amor romântico foi idealizada e forjada pela mídia, mas na prática só se traduz em mais burocracia e decepções. Mesmo assim, várias pessoas se consideram acima dessa questão. Elas pensam não precisarem de sexo ( em maior quantidade ou qualidade ) e chegam a banalizar o mesmo. Se alguém realmente não precisa de sexo, ele tem que estar acima da vida e da morte, e tem que ser imortal, visto que o ciclo formado por sexo, vida e morte forma o tripé (base) da vida humana. O que está transparecendo aí, nesse caso, é nada mais do que o complexo de Highlander do unarianista, que age como se fosse imortal mesmo acreditando na morte.
Mais a fundo, tudo no universo se resume a energia sexual, que é a mais intensa de todas e se liga com o conceito de amor universal. Energia sexual é energia criativa, é a interação de forças Yin e Yang, opostas mas também complementares. O ser humano deve usar esse poderoso momentum de Eros (Amor) para criar sua realidade, para criar motivação para a ação, pois o sexo realmente esconde uma fonte de energia infinita caso fosse de graça e/ou fosse praticado sempre com segurança e com parceiros compatíveis. O sexo funciona como comida espiritual. Se por um lado temos o aspecto carnal e biológico do sexo, do outro temos o aspecto mais astral e místico, porque o sexo é na verdade uma troca de energias sutis que atua como fusão de almas dependendo do nível das energias envolvidas. O desejo sexual é pela própria natureza um sentimento de urgência por cura ( na falta de energia ) ou por elevação do astral. Se alguém sente desejo então provavelmente já está no limite da tensão, e haverá poucas coisas a serem feitas para extravasar o excesso de energia senão fazer sexo. O contrário de sexualidade é ansiedade. A sexualidade expressa livremente mata a ansiedade. O contrário de evolução espiritual é frustração sexual, que é o problema por trás de todas as neuroses modernas. Mais além, a velhice é sintomática de perda gradual de energia sexual, na ausência de oportunidade para o ser humano cultivar sua energia sexual e assim elevar sua energia interna do corpo, através do sexo principalmente, mas também com um estilo de vida saudável e cada vez mais condutivo ao sexo. Se o ser humano tivesse uma abordagem mais sábia e liberal com relação ao sexo, com certeza ele poderia se tornar imortal.
Por isso a questão da busca pelo corpo de Deus também se estende ao mundo dos relacionamentos. Se Deus não está presente na vida do ser humano como um benfeitor possuidor de corpo físico, ou um governo benevolente dando-lhe sexo e dinheiro de graça, então qual é a utilidade de uma crença em Deus? Isso prova que Deus não está presente na vida do ser humano para lhe dar aquilo que ele mais necessita: (1) uma fonte gratuita de sexo para gratificação genital e emocional que o motive a atingir o sucesso financeiro, ou (2) uma fonte gratuita de dinheiro para garantir sua subsistência. Algumas pessoas já possuem o item (2), pois se espremerem os números financeiros de suas vidas poderão descobrir uma parcela de renda correspondente ao dinheiro que entra sem esforço; mesmo assim, essa parcela é pequena na maioria dos casos, e no fim das contas é impossível que a pessoa se sinta plena sem o item (1). De fato o fator principal sempre será o do sexo e da energia sexual, que determina o da saúde.
O poder monetário substituiu e corrompeu o poder sexual. Dinheiro virou sinônimo de poder psicossexual, de controle de mentes e ânimos da população. O sistema da vida moderna do homem está com um vazamento de energia cada vez maior, e por isso o ser humano está debilitado e cansado. A maioria das pessoas vivendo em grandes centros urbanos sofre de carência emocional e afetiva. Se existisse uma fonte de sexo de graça na vida delas, pelo menos elas teriam suporte emocional para saírem do chão. A humanidade precisa urgentemente entrar em uma nova era com o sexo assumindo a importância e o papel do dinheiro na vida das pessoas. O dinheiro em si tem um preço, e este é o da saúde. Existe o capital monetário, externo ao corpo, e o capital de saúde, interno ao corpo, e entre eles está o capital sexual enquanto extensão do capital de saúde. Como o capital sexual está superfaturado, considerando o preço da privacidade como o bem mais valioso da vida moderna, então o processo cíclico de conversão entre o capital de saúde e o monetário é entrópico. Por isso a classe trabalhadora passa a vida pagando uma enorme dívida com a elite financeira, na tentativa de comprar sua saúde de volta. Isso não significa que os ricos e membros da alta classe sejam mais saudáveis, mais felizes ou desfrutem de sexo de graça -- mas por outro lado, pode ser que sim. Na verdade a realidade dos ricos faz parte de uma outra dimensão fora do escopo deste texto.
O ser humano é forçado pelo sistema capitalista a doar energia vital em troca da promessa de acesso ao corpo do sexo oposto idealizado como o corpo de Deus. Tamanha é a inocência das pessoas exploradas por um sistema intermediador mimético do desejo de união delas com o sexo oposto. E assim a elite global pode controlar a força de vontade de uma população de ovelhas berrentas. Eles puxam as cordas do desejo sexual do ser humano a nível carnal, ou psicológico no caso das mulheres, que são acometidas por uma dissociação mental entre sexo e amor e que portanto julgam-se mais evoluídas que os homens. As mulheres acham que dinheiro é mais importante do que sexo, quando na verdade é o contrário. Mesmo assim, ambos os sexos compartilham a mesma atitude emocional: os homens buscam uma deusa em corpo feminino como resolução para seu complexo de Édipo, e as mulheres um deus em corpo masculino como resolução para seu complexo de Electra.
Todos os mortais abaixo da linha da riqueza estão sujeitos a essa mecânica cruel envolvendo paixão e desejo, mesmo pessoas casadas ou homossexuais. O preço em saúde envolvido é enorme para todos. Todos buscam completar suas almas projetando essa incompletude no corpo físico de um portador do pólo oposto de sua sexualidade (i.e., aspecto masculino ativo ou feminino passivo, Anima ou Animus), mas o mesmo nunca está presente em sua vida sem comércio envolvido, sem luta de princípios, sem o intermédio de um modelo de negócios interminável representado pelo sistema e todas as responsabilidades sociais e políticas agregadas -- que seria justamente toda a burocracia existente para se conquistar uma pessoa amada do mesmo sexo ou do sexo oposto por vias do contrato social e/ou civil de casamento. Quer dizer, o preço do corpo de Deus tende ao infinito aos olhos de quem sente desejo ou está apaixonado. É por esse motivo que todos os problemas do mundo resumem-se a falta de sexo ou falta de dinheiro, que mais a fundo só pode ser falta de Deus.
Por isso é necessário dizer que o deus dos unarianistas é o deus falso, louco / sádico, e também o deus que não existe em termos objetivos e para fins práticos. Afinal, ele não dá sexo nem dinheiro de graça ( lembrando que dinheiro compra sexo ), e por isso todos os seres humanos nascem presos a um sistema que opera em virtude de sexo e dinheiro nunca presente em doses suficientes. Ou seja, o deus unário não é amoroso e também é um covarde, pois não se manifesta fisicamente para ser culpabilizado pelo sofrimento humano, que está ligado à sua fome espiritual, que por sua vez está ligada à sua frustração sexual. Esse deus não se manifesta pois sabe que talvez fosse morto pelo rancor que as pessoas carregam dentro de si por não receberem suporte adequado para viverem em um mundo hostil, de preferência eternamente jovens.
Claro que eu não poderia deixar as mulheres de fora desse desfecho. Como já documentei em vários textos do passado, elas provavelmente entraram em acordo com o deus unário ( junto aos governantes e a elite ) e exploram a força de trabalho do homem cidadão comum guiado pelo seu desejo irracional, pois para ele não há real distinção entre amor e sexo, a vontade de proteger vs. a vontade de possuir o corpo da mulher. Mas para a mulher parece haver um grande abismo de sentimentos com relação ao sexo. A libido feminina está em baixa e por isso foi substituída por um desejo mais racional por conforto e segurança por intermédio do dinheiro. Podemos atribuir isso a décadas de repressão sexual, mas isso não explica a complacência da mulher com toda a situação. Isso é péssima notícia para o homem, pois ele enxerga no corpo da mulher o corpo de Deus: inacessível sem ele pagar com o sacrifício da sua própria alma, associado à perda aguda de sua saúde e virilidade. Para o homem comum conquistar a mulher ele está tendo que abandonar sua própria masculinidade, integridade e dignidade, pois ele também é vítima de um sistema social que é patriarcal opressor, mas também ginocêntrico ( com a mulher no centro das atenções e tida como símbolo de status ). O homem comum foi subjugado e está desvalorizado. As mulheres são metade da sociedade e desempenham o importante papel de espalharem o conformismo social em todas as áreas da vida, pois pregam o trabalho voluntário para o Governo e o medo da autoridade do Estado. O que elas parecem querer é justamente que os homens sacrifiquem suas vidas por elas por vias do contrato social.
A minha descoberta sobre o unarianismo coincide com a conclusão do meu estudo sobre a mulher e o seu estilo de vida moderno, ou melhor, sobre a queda da consciência moral dela dentro da civilização ocidental moderna. A mulher não ama mais o homem, e sim o sistema social autoritário que a protege do mesmo com uma fachada de elitismo. Quem está no topo da pirâmide de poder que forma o sistema é certamente o próprio deus unário, egoísta como o arquétipo de Lúcifer no mito bíblico. A mulher ama esse deus ou está a incorporar / canalizar ele, já que ela é totalmente a favor da instalação de uma matrix social na mente das pessoas que sirva de bloqueio de separação entre os sexos. O comportamento da mulher moderna realmente é o melhor descritor para o unarianismo: O temor dela pelo homem, a indiferença, o ego infladíssimo, o culto ao status, o fetiche pelo dinheiro -- tudo isso parece não ter fim. Além disso, nada irrita mais a mulher do que ser estereotipada, pois ela se gaba de ser possuidora de uma natureza indecifrável.
Felizmente tudo isso acabou: Eu não só fui capaz de fechar a mulher dentro de uma caixa conceitual de 4 "lados" de personalidades múltiplas, como também resumi sua natureza a do unarianista. Sim, a mulher vendeu a alma para o deus unário ou então ela mesma incorpora esse deus. A mulher deseja se diferenciar infinitamente do homem e se dissociar emocionalmente dele, para elevar infinitamente seu valor aos olhos dele. Para isso, ela tem lutado para se tornar cada vez mais distante do ato sexual como expressão fundamental do amor no plano físico, interpretando esse poder dela como sinal de elevação espiritual e superioridade moral. O status da própria mulher cresce cada vez mais. Isso faz com que os homens tenham que produzir cada vez mais para a sociedade em troca do suposto amor que ela se resguarda no direito de dar somente para os "vencedores" (i.e., os ascensionados sócio-economicamente).
O oniteísmo simplesmente supõe que Deus seja o Todo: a totalidade de todos os seres e coisas, mas isso dificilmente conta como resposta. Se realmente precisamos de uma resposta, ela só pode ser negativa, pois um deus unário não pode existir -- não deve existir -- mas um deus amoroso sim. Um deus verdadeiro deveria sentir amor pela humanidade e fazer questão de zelar pelos seres humanos ao invés de simplesmente reinar sobre eles. Para que serve o poder se ele não é compartilhado? Não seria a capacidade de ceder, o amor? Então se torna obrigação de qualquer pessoa consciente renegar a existência desse deus e de todos os seguidores dele.
Quanto a questão do grande poderio feminino, basta que os homens parem de trabalhar exclusivamente por dinheiro e para acumular dinheiro, e passem a trabalhar em uma troca direta (i.e., escambo) de seus serviços por sexo com elas, e nas horas vagas trabalhem para difundir essas informações e remover a influência do sistema capitalista de suas vidas, pois na falta de um sistema as mulheres voltariam a amar genuinamente os homens e a fornecer o sexo de graça. Os homens não devem temer em ficar sem dinheiro, porque as mulheres amam tanto o sistema, que irão trabalhar em dobro e assumir todos os cargos para sustentar a carcaça moribunda dele. Além disso, a mulher terá que começar a pagar em sexo para o homem sustentar o sistema social por ela, em vez do homem ter que pagar em dinheiro para a mulher fazer sexo com ele. O dinheiro deixaria de ser necessário se os sexos se reconciliassem no nível mais profundo: o espiritual. Afinal, é muito claro para todos que as mulheres são de longe as mais interessadas em permitir que a palhaçada continue.
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DEUS DOES NOT EXIST! / DEUS NÃO EXISTE!
BUT IF HE DOES.. / MAS SE ELE EXISTE..
HE WANTS TO REACH ME! / ELE QUER VIR ATÉ MIM!
HE WANTS TO TOUCH ME! / ELE QUER ME TOCAR!
TO CREATE A UNIVERSE YOU MUST TASTE THE FORBIDDEN FRUIT! / PARA CRIAR UM UNIVERSO VOCÊ PRECISA EXPERIMENTAR O FRUTO PROIBIDO!
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